domingo, 28 de junho de 2009

Ser ou não ser...


Ainda estou atônita,perplexa.

Ontem fui ver a aclamada peça "Hamlet". Composta por um elenco de peso, como Wagner Moura contracena com um elenco formado por Tonico Pereira, Carla Ribas, Georgiana Góes, Caio Junqueira, Cláudio Mendes, Fábio Lago, Felipe Koury, Marcelo Flores e Gillray Coutinho; a montagem ainda é assinada por Aderbal Freire-Filho, em parceria com Wagner Moura e a professora Barbara Harrington.
Para total contradição das minhas idéias, a peça foi extremamente premiada e reconhecida ao longo de seu histórico. Para constar alguns prêmios desta, cito aqueles recebidos em 2008, como no "Qualidade Brasil", onde ganhou os títulos de Melhor Espetáculo – Júri Popular, Melhor Ator (Wagner Moura) e Melhor Direção (Aderbal Freire-Filho). No "2° Prêmio Contigo de Teatro", a peça recebeu os prêmios de Melhor Espetáculo – Júri Popular, Melhor Ator – Júri Oficial (Wagner Moura) e Melhor Figurino – Juril Oficial (Marcelo Pies). Já no "4° Premio Bravo! Prime de Cultura" e o "Prêmio Revista Quem" premiaram Wagner Moura, respectivamente, como Artista do Ano e Melhor Ator
A peça, que conquistou o público nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que está em cartaz no belo Teatro da UFPE, por uma curta turnê de 2 dias (ontem e hoje), (tenta) retrata o histórico e clássico texto escrito por William Shakespeare no início do século 17. Hamlet retrata os dilemas vividos pelo conturbado príncipe da Dinamarca em sua vingança contra o tio Cláudio, assassino de seu pai.
Ok, a intenção é nobre. Segundo consta, o objetivo do grupo era trazer este clássico para perto do público e (pasmei!) ser fiel ao universo shakesperiano. O mote da direção é o próprio teatro, já que Hamlet é a peça mais metalinguística de Shakespeare. Durante a montagem, os atores permanecem o tempo todo em cena, assistindo ao desenrolar da trama como platéia, interagindo com os outros, trocando de roupas e, até mesmo, de papéis. Tendo a trilha sonora inédita, composta pelo maravilhoso Rodrigo Amarante,(Los Hermanos/Litlle Joy), os figurinos desenvolvidos por Marcelo Pies e a cenografia elaborada pela premiada dupla Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque, a peça tem feito sucesso por onde passa.

É.
Minhas concepções foram profundamente modificadas.
Durante as longas e infinitas quatro horas de peça comecei a me questionar se estou virando uma velha ranziza, se eu era, de fato, muito ignorante e minha inteligência era muito aquém do que aquela requintada peça requeria que fosse... Diversos meta-questionamentos passaram-se na minha cabeça (e nada mais Shakespeariano poderia acontecer, ainda mais assistindo uma peça de Hamlet!). Mas essas dúvidas logo fugiram da minha mente ao ver os ávidos comentários dos espectadores ao final da peça. Não,eu não fui a única.
Muito ficou a desejar para mim, muitas perguntas sem respostas. Porque aquele teatro estava tão lotado,sobrando-me apenas uma distante cadeira na galeria? Talvez, de fato, todas aquelas pessoas estivessem ali para ver o belo sorriso de Wagner Moura,e isso não é um demérito. Afinal, todo ator acaba passando um pouco disso, acaba atraindo o público,primeiramente,por questões frívulas,como a beleza; mas depois o público surpreende-se ao ver que, indo atrás do conteúdo superficial, depararam-se com um conteúdo deveras profundo. Isso é normal e completamente aceitável. Se fosse manezinho da esquina, duvido que alguém se desbancaria de sua humilde e confortável residência para ver Hamlet. Ok,louvável. Mas as quatro perdidas horas da minha vida não serão pegas pelo sorriso belo de Moura. Contudo, uma coisa é fato irrefutável: ele é um excelente ator!
Acredito que o objetivo daquela conturbada confusão mental que convenciou-se chamar de "peça" é, como foi dito lá, colocar um espelho para o público. Toda aquela confusão retrata, de fato, a fingida loucura de Hamlet, sendo este o meio para alcançar seu vingativo fim. Assim, Wagner - e todos os outros atores, mas ele em merecido destaque - é extremamente feliz na interpretação. Ele, de fato, convence ao público que está louco, fingidamente louco! A culpa não é dele, nem de nenhum dos atores.A atuação em si estava ótima. Contudo, salvo algumas poucas partes da peça - como quando ele compara o ser humano à flauta, essa parte que já citei do teatro-espelho, sua metalinguagem sátira ao teatro numa auto-crítica interessante - foi, para mim,uma experiência angustiante!!
Não falo do figurino modernista, do cenário, no mínimo, diferente, nem mesmo daquela câmera filmadora o tempo todo aparecendo e desaparecendo, tirando a atenção do público (aliás,para que aquela câmera,eu continuo me perguntando!). Não falo de como estragou-se monólogos introspectivos históricos, como ser ou não ser...
Não falo sequer dessa mudança abrupta e desavisada dos personagens de papel,fala,lugar...isso eu até achei bem interessante e instigante.
Não. Falo do texto mal escrito,confuso,prolixo! A grande arte de,como foi dito na peça, tudo que dizer ser nada!!
Se alguma pobre alma foi àquele teatro procurando saber sobre Hamlet saiu de lá ainda mais confuso. Em mim houven a latente sensação de que a peça fora toda improvisada!! Pensamento totalmente absurdo,pois ninguém estaria com uma peça em cartaz há anos, baseada em improvisos (a não ser que fosse stand-up comedy).
Concordo que o texto de Hamlet é,de fato,muito pesado e seria massante passar aquelas quatro horas ouvindo uma reprodução fiel dos delírios e desejos de vingança do pobre personagem. Mas essa tentativa de roupagem pós-moderna que Aderbal e equipe tentaram dar à peça ficou ainda mais massante! O público saiu de lá sem saber direito o que pensar. Me parece que as pessoas têm medo de dizer que não gostaram de algo que faz muito sucesso. Pois eu digo: não gostei!
Penso que Shakespeare se revirou no túmulo.
SE eu entendi corretamente, Wagner a um determinado ponto escolhe que é melhor fingir-se de louco,enloquecendo todos a sua volta,fazendo com que as loucuras ocultas de todos aflorascem. Mais adiante, aproveita-se o ensejo para fazer uma série de reflexões sobre o que é teatro,o que é crime, o que é loucura e o que é consciência. Ok,se eu entendi,foi assim. Mas aí está o problema: o livro foi fechado e eu não tenho certeza se aprendi direito o que li.
Está certo?
O texto, em minha opnião, é demasiadamente confuso e tenta, até demais, fugir da normalidade esperada no teatro.
Aí caio numa discussão sem fim, que há anos me persegue: o que é arte contemporânea?
Depois do glorioso modernismo, da semana de 22, dos Andrades todos, do cubismo,dadaísmo e tudo mais, o que vivemos agora? Alguns dizem que agora tudo que se produz é classificado como pós-moderno e tudo é arte. Bem,se tudo é arte,nada é arte! Simples! Se a arte é,por essência, a aristocracia da vida, a capacidade de imobilizar aquele belo (no sentido mais amplo da palavra) momento da vida...e se tudo é arte,então,nada é arte!!!!!!!!!!
Não posso ser hipócrita comigo mesmo e dizer que ao sair de uma exposição de artes modernas, onde vejo pedaços de pau amarrados,um cachorro morrendo de fome com palavras escritas acima de sua cabeça em ração, ou pedaços de papéis amassados, ferros retorcidos longe de qualquer significado... essas obras ''pós-modernas''... eu me sinto revigorada,como ao ver obras como Monalisa, Pietá, Madona, ou mesmo belos poemas de Camões, dos Andrades todos, de Drummond, de Azevedo.
Não! Isso seria mentira. Aliás, muito pelo contrário, esse tipo de "arte" me oprime e confunde. Isso não é arte!
Essa tentativa desesperada e vã que vivemos hoje de soltar-nos dos padrões previamente estabelecidos é terrível. Concordo que devemos sempre estar em busca de novas formas de expressões e que sempre devemos nos atualizar. Mas hoje monto para mim uma coletânea de "artes" assustadoras (essa peça, essas exposições de arte moderna...) que apenas me levam a esta reflexão, de que quanto mais tentamos ser diferentes, mais iguais somos.
A peça foi assustadoramente ruim. Cuidado com o que se diz moderno demais.
Sem mais o que poder falar, limito-me a uma das célebres frases de Hamlet: “O resto é silêncio”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Porque ninguém está imune ao olho do outro.

Eu poderia escrever tanta,mas TANTA coisa nesse post,que até agora penso que seria melhor apertar aquela tecla ali do lado e apagar tudo.
Como seria bom ter um backspace na vida. Quanta coisa não seria mudada, reformulada, apagada, melhorada, aperfeiçoada? Quantas desculpas não precisariam ser pedidas, pois não haveria erro. Quanta lágrima não seria vertida.
Vc acredita em inferno astral? .......
Nem eu. Mas,porque será que às vezes pessoas totalmente inocentes, ou ao menos ingênuas, parecem estar presas num ciclo vicioso e initerrupto de intrigas. Será culpa do seu jeito ingênuo de ser? Será culpa da sociedade voraz por mais um carneirinho? Será culpa dela mesma pois não aprendeu a se defender? Será ainda que é culpa dela porque ela é, para a surpresa de todos, inclusive dela mesmo, um lobo sanguinário e ávido por desgraças,na pele de um carneirinho?
Haverá culpa? Ou será mera fatalidade?
Contudo, recuso-me veemente a levar-me como os antepassados, que atrelavam todos os acontecimentos, bons ou ruins, com a simples vontade de Deus. O seu poder de auto-tutela!
Mas isso não faz sentido. Deus, sendo em essência amor, não iria deixar seu rebanho ao léu assim, deixando que as coisas acontecessem como tivessem que acontecer, sem nenhum controle sobre isso. Não faz sentido.
Por que Ele iria querer ver uma pessoa, até então,teoricamente,inocente, sofrer duas ou mais vezes o mesmo castigo? Longe da minha pequenez querer entender o que se passa na cabeça do Divino. Por isso acho que não,não é inferno astral, muito menos vontade de Deus pura e simplesmente.
Deve haver algum outro fator. Mas ainda não descobri qual é.
Não sei se algumas pessoas têm um tipo de afinidade ou atração cósmica para merdas. Talvez. E talvez essas pessoas se reunam em grupos secretos, em assembleias subterrâneas e discutam as grandes merdas que, inexoravalmente, lhes acontecem.
Talvez exista uma herança genética inexplicável e que os cientistas americanos que descobriram não foram permitidos de publicar, já que isto não daria bons lucros para a indústria farmaceutica, e em segundo,e mais importante, eles amanheceram com a boca cheia de formigas.
Ou talvez não. hahaha.
Talvez esse bando de merda sem sentido seja apenas uma das muitas maneiras de expurgar esse malzoleu de dentro de mim. Sinto como se minha alegria tivesse sido enterrada e pior, nem me convidaram para o velório. Nem ao menos me deram prenúncio de sua morte. Simplesmente chegaram e apunhalaram minha pobre alegria,pelas costas!
Não entendo como certas coisas simplesmente acontecem, e são totalmente fora do meu controle.
Lógico que grande parte das dificuldades que eu encontro hoje na minha estrada são total e exclusivamente culpa e (mais importante) problema meu. Primeiro porque se aconteceu foi pq eu deixasse que acontecesse, e segundo pq no mundo de hj ng pára pra te esperar cicatrizar, infelizmente. Mas pessoas como eu,como meu namorado, como tantos outros amigos,PRECISAM que o mundo espere minha cicatrização. Somos nós, essa minoria de sensíveis,de babacas. O mundo fechou suas portas para nós, e agora nossos gemidos são mau interpretados. Talvez eles não consigam ver através da fumaça, ou seus olhos estejam cegos. Talvez eles sejam como o ''homem sério de cabeça vermelha'' que o pequeno príncipe encontra em sua fanstástica viagem.
Talvez seus ouvidos não estejam abertos nem prontos para nos ouvirem. Mas,algum dia,vamos quebrar a barreira do som e principalmente,a do silêncio. vamos falar e vamos ser entendidos.
Porque não é justo que um mundo me condene pela forma de me expressar. Não é justo que interpretações e julgamentos sejam tomados assim, precocemente, e amores morram abortados.
Não é justo que eu deva moldar minhas palavras para que elas caibam num padrão de normalidade ditado por pessoas com cabeças mais vermelhas que a do senhor sério do pequeno príncipe, que não têm mais o dom de ver graça num amanhecer.
Não é justo que eu deva pintar meu mundo de cinza,só porque o dos outros acizentou.
Eu ainda posso,e devo,colorir meu mundo com a mais diversificada aquarela. É meu direito e meu dever como única zeladora do meu mundo colori-lo e perfuma-lo. Mas vejo que o mundo não concorda. Devemos apagar toda gentileza e pintar tudo de cinza. Ah, Marisa, não foi só com você.
Não posso expressar não lugares, multidões vazias, silêncios gritantes...pq a selva de pedra não me permite. Tenho que criar uma auto-ditadura para que minhas palavras não voem feito borboletas desgovernadas, podendo ferir gravemente alguém (?).
Qual a graça, ou msm a justiça, de ter que me controlar sempre que uma metáfora clandestina quiser escapar de minha cabeça? Que fazer com essas malditas antíteses quilombolas?
Onde há quilombo,pelo amor de Deus!
Onde há ombro?
Não. De fato não entendo. De fato ''não'' é a palavra que melhor me expressa no momento. Não entendo. Não posso. Não devo. Não quero. Não possuo. Não sei. Não consigo.
Contudo, existe ainda uma errante pergunta que vaga pela minha cabeça..sem encontrar resposta. Sinto como um grito no vazio do eco. É apenas o som do meu próprio lamentar.
Como aquele que não tem sensibilidade para entender um vazio,vai entender um olhar?
E ademais, como podem esses olhos que me ignoram raivosamente, perderem tanto tempo procurando vestígios de minhas palavras,para mastigá-las ao contrário e vomitá-las em mim? Como é possível tanta procura pelo que não se gosta?!
É, vai ver a culpa é toda minha.
Como dizia Arnaldo Antunes 'Eu devo ser um pouco bandido, se tanta gente me viu com esse olho. Eu devo ser um pouco bandido, um pouco louco, um pouco coitado, um pouco perigoso, artista, otário.'

quinta-feira, 18 de junho de 2009

E, pra ser turismólogo,só precisa ir à praia!

O plenário do STF decidiu ontem, por 8 votos a 1 (e eu gostaria bastante de saber quem foi essa única viva alma sensata!), que a obrigatoriedade do diploma para jornalista era inconstitucional. Os ministros do STF aceitaram o recurso interposto pelo Sertesp (Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo) e Ministério Público Federal contra a obrigatoriedade do diploma. Para o STF, a profissão de jornalista não exige nenhum saber específico. E, tendo em vista que apenas ''profissões que têm necessidade de saberes científicos'' carecem de estudos acadêmicos, como faculdades e afins, e, portanto, a obtenção de diploma.
O ministro Celso de Mello, preconceituosamente disse, crente que estava levantando a maior bandeira de defesa aos trabalhadores da face da terra, as seguintes belas palavras:
"Existem leis que regulam de maneira abusiva as profissões. É preciso ter consciência que a Constituição estabelece que a regulamentação do Estado deve ocorrer em profissões que exijam saber cientifico específico e não para aquelas que são baseadas na intelectualidade". Não obstante, ele resolveu desrespeitar todas as profissões possíveis, com a brilhante citação: "Todas as profissões são dignas, mas há uma Constituição que precisa ser observada e impõe limites".
Durante o julgamento, o presidente do STF comparou jornalistas com cozinheiros. "Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área".
Bem, eu poderia simplesmente levar tudo isso como ofensas pessoais...já que o cara conseguiu, em uma única frase, desmerecer minhas duas paixões: o jornalismo e a gastronomia. Claro, escrever e cozinhar são, também, paixões. Mas ambas as áreas são MUITO mais que, simplesmente, esses dois verbos. E só sendo mesmo muito superficial e insolene para acreditar que essas profissões e, consequentemente essas vastas áreas, se resumem a apenas isto!
Ou eu poderia apenas desejar que da próxima vez que o querido ministro fosse a um restaurante ele comesse alguma iguaria preparada pela mão de um auto-didata qualquer, que não tivesse a menor idéia do que é a Reação de Millard e os compostos cancerígenos, os derivados de benzeno e anéis aromáticos formados nela, que nem soubesse o que é um Rearranjo de Amadori, ou não fizesse idéia do que é uma Cocção com preservação dos quantitativos protéicos da carne, nem o que é, como acontece e o que resulta uma caramelização, o que são açúcares redutores e açúcares invertidos e quais suas finalidades... nem mesmo soubesse o que é um corte Brunoise ou uma cocção en ragout... E, tivesse, então, uma baita indigestão e nunca conseguisse suprir totalmente sua necessidade nutricional e sofresse o resto da vida de fome oculta, culminando numa anemia crônica!
Mas, claro, não vou fazer isso.
Eu poderia também convidá-lo a estudar comigo para uma das minhas provas de Química Culinária, ou Bioquímica...ou mesmo as infindas técnincas de cocção, corte e preparo que aprendemos, sei lá, em cozinha fria. Isso sem falar da parte prática da coisa mesmo, como passar 15h em pé no calor e no stress de uma cozinha.
Claro, poderia da mesma forma, convidá-lo para estudar para as provas que meu irmão, acadêmico de Jornalismo, prestes a se formar, faz.
Mas não...
Eu apenas quero desabafar!
Nunca vi, em toda história, um retrocesso como este. Voltamos ao século XIX! Lógico, nesta época tinhamos excelentes jornalistas, como Machado de Assis..e basicamente todos os imortais da literatura. Contudo, nossos imortais contemporâneos têm a qualidade (?) de um Paulo Coelho. Isso são os imortais da literatura!Imagina o que não vai sair dos jornalistas de prática?
Claro que,como em TODA profissão - mesmo as mais científicas, teóricas e acadêmicas - a prática é fundamental para a consolidação do profissional. Pois um bom profissional é sempre constituido de uma boa formação e junção de teoria e prática, que são partes concomitantes e que se completam e se necessitam de uma profissão, e não partes paralelas e independentes,como roga o STJ!
Quanto não se lutou para se regulamentar a profissão de jornalista? Que desrespeito! O autor dessa lei achou que os estudantes de jornalismo faziam o que na faculdade durante 4 anos?
É um absurdo que em pleno século XXI, onde existe a clara tendência de tornar ocupações empíricas em ensino superior, como dança, cinema, artes plásticas, economia doméstica, gastronomia, engenharia de pesca, oceanografia, etc; dar um passo retrógrado como este. Claro que todas as profissões têm suas origens no empirismo e, conseguinte, observou-se a necessidade de estuda-la a fundo, ressaltando teorias já existentes de outras matérias, tendo em vista que o conhecimento não é um bloco isolado. Assim,as profissões foram se consolidando. O estudo é exatamente isto: estudar o que acontece na vida real, entender aquilo a fundo. Digo pela minha profissão,não há,na vida prática, área com mais química presente que na cozinha. Mas, se ninguém tivesse atinado de estudar as reações químicas que acontecem ali, o que seria da nossa saúde? E isso dizendo apenas a parte química da coisa, pois a parte humana seria um post a parte! Só para situar-nos, a maior parte de obra de pessoas como GILBERTO FREYRE se baseou no estudo sociológico da comida e da alimentação como consequência cultural.
Nunca vi tamanho derspeito a uma classe inteira e, obviamente, tamanho retrocesso para a sociedade como um todo.
O que virá depois? Que tipo de incentivo esses homens deram à profissões que estão surgindo agora como profissões de nível superior, como dança, gastronomia e cinema, para lutarem por sua sindicalização e regulamentação?
Claro, não nego que a melhor pessoa para falar de Português é um linguísta...que a melhor pessoa para falar de peixes é um engenheiro de pesca, ou um biólogo...e que a melhor pessoa para falar de gastronomia é um gastronômo...mas a melhor pessoa para comunicar é o jornalista! Se uma pessoa, como eu, quissesse fazer, por exemplo, mídia gastronômica, jornalisto gastronômico, ela tinha por obrigação que ter as duas formações: gastrônomo e jornalista.
Não acho errado, contudo, uma pessoa renomada ser convidada por um jornal a ser colunista, ou comentarista...mas claro que desaprovo que uma pessoa que não tem a formação exerca profissão, seja ela qual for!
Não só pela questão de incentivo ao estudo que, na minha opnião, é obrigação dos governantes. Mas também por outras muitas questões. Para ser sintética, se não existisse necessidade do estudo acadêmico desta ciência,não haveria faculdade da mesma! E se há faculdade, é porque é necessário e a pessoa que fez esta faculdade merece mais credibilidade e confiança que os outros, auto-didatas. Isso para qualquer profissão!!!!
Diante de tamanho retrocesso no nosso país, eu só posso me questionar qual o tipo de profissional que o Brasil está formando.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Todas as cartas de amor são ridículas...(ah,como AMO ser RIDÍCULA!!)

Um pequeno texto de Arnaldo Jabor, só para acalentar a noite.

Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados,engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída?Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!"Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais,pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida". Antes idiota que infeliz !

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Onde está o rio?

"Que difícil que é a vida dos homens - pensou ela - eles não tem asas pra voar por cima das coisas más..." (Shopia de Mello Breyner Andresen em "A Fada Oriana")

A Fada Oriana, que sempre fez o bem a todos, um dia conseguiu deparar-se com um rio, após salvar a vida de um pequenino, mas importante, peixe, e notou como ela era bela...como tudo ao seu redor era belo. E ela nunca teria visto-se pelos olhos de outrem se não fosse pelo rio, e por aquele seu belo gesto.

E eu me pergunto. Onde está o meu rio? Talvez eu seja como a fadinha Oriana, talvez eu seja o peixe que morre à margem do rio. Mas talvez eu não seja nada disso.

Nem sei bem que razões me levaram a postar hoje, apenas esse turbilhão que invade e bagunça minha cabeça, esse silêncio que grita aqui dentro de mim.
Que fazer? Sei que não há maneira melhor de fazer Deus rir que contar-lhe seus planos futuros...mas no momento tenho tantos planos para o futuro, e ao mesmo tempo não tenho nada em minhas mãos. Tenho toda minha vida apoiada e dependente de variáveis quando, na equação da vida, eu devia apenas pensar com as determinantes.
Tudo que existe em minha vida hoje é tão sólido quanto os grãos de areia de um vendaval, que algum dia poderão, claro, formar uma imensa e bela duna...onde crianças poderão brincar, ou mesmo servir de abrigos para pequenos animais...e talvez assim eu seja como Oriana.
Mas, no momento, são apenas grãos de areia..e eu talvez seja no momento menos que o peixe que morre à margem do rio.
Bem que tentei tutuar-me assas que me levassem para longe, me pousassem nas estrelas mais longinquas e belas...mas as assas de borboleta que a imaginação me deu são demasiadamente frágeis, e já não suportam o peso dos meus problemas.
Todos os planos que fiz para o meu futuro são tão volúveis quanto o vento que me leva, e movimenta minhas assas roxas.
Eu queria poder voar todas essas adversidades e encontrar-me logo com meu destino. Concretizar o maior de todos esses sonhos, e deixar o resto acontecer por tabela. Tenho urgência de ser feliz, urgência de concretizar nossos sonhos. Tenho urgência em encontrar-te todos os dias, como meu marido. Não tenho mais força-motriz que me impulsione a terminar nenhum dos planos que comecei aqui, nessa terra de seu ninguém (agora).
Que saudades de ver sentido em tudo que faço.
Que saudades de ver meus planos se concretizarem.
Tudo que quero é pra ontem, embora nada mais dependa de mim, nem nada possa acontecer assim tão rapidamente.

Essa é, no mínimo, uma situação complexa.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

A moral doente...sem ambulância!

Ontem, ao sair da igreja, eu estava lanchando com meu namorado numa dessas lanchonetes de rua aqui das terras candangas, conhecidas como "bombas". Apesar do nome aparentemente assustador, a comida, de assustadora, só tinha a quantidade de calorias, e talvez as misturas em sanduíches mais inusitadas possíveis.
Mas, de qualquer maneira, esse não é o foco do post.
Já perto de finalizarmos nossa farta - e pouco nutritiva - refeição, assistindo mais um dos programas que só me comprovam a mediocridade e insanidade do telespectador brasileiro; notei uma movimentação extraordinária no final da rua. Logo, como em todo lugar do Brasil, a movimentação, como uma epidemia, começou a se generalizar...e logo as pessoas do lanchonete e da rua, como um todo, estavam ficando em pé, agitadas, com seus olhares fixos em algo, tecendo fervorosos comentários. Cena típica de um gol sendo comemorado euforicamente. Mas, não era dia de jogo. Os passantes comemoravam outro jogo, e os dentes ferozes das pessoas na lanchonete riam de outro gol...
Era, na verdade, uma briga. De uma dessas gangues falidas de pit-boys de Brasília... vários homens se juntaram para surrarem um (sim, 1!) rapaz. Porque? Ninguém sabe. Também, pouco importa. É entretenimento gratuito. E ao vivo!! Primeiramente meus pensamentos se dirigiram ao seguinte: se as pessoas também não se importavam qual bendita (?) razão levou a mulher da TV, e seu colega zombativo, a uma praia particular estrangeira para comentar dos corpos das mulheres e dos homens, aperta-lhes e tapear-lhes as partes, fazendo aquele gesto digno de misericórdia do famoso (é...¬¬)''peitinho''....pois isso as entretia...obviamente eles não iam se preocupar com qual poderia ter sido a razão para que aquele sujeito estivesse sendo violentado... isso também os entretia.
Quando o garçom do estabelecimento (que também era caixa, e cozinheiro) nos explicou, (pasmem) com um sarcástico sorriso no rosto o que tinha se sucedido, eu (inocente, talvez)perguntei,prontamente: e ninguém chamou a ambulância?
Note que não pedi por policiais, afinal, sei bem o que são os fatores corrupção, ameaça e medo. Perguntei pela ambulância, preocupada com o bem da vítima. O garçom-caixa-cozinheiro riu-se e, virando a face, apenas disse "eu não...", dizendo ali tudo que eu precisava, mas não queria ouvir.
Passei o resto da noite, e do dia hoje, pensando não só no estado do rapaz, mas também na deturpação da mente desses agressores (os do rapaz, e os demais, da moral!)
Parece que as pessoas agora são ilhas, que ascendem ao passo que outra afunda, tornando da desgraça de outrem algo desejável...e mais: divertido! Mais um show para se assistir. "Aqui em Brasília é assim mesmo", justificavam eles. Não!Não é assim!Não é para isso que fomos criados.
Nenhum homem pode, ou deve, ser uma ilha. Somos seres políticos e sociáveis, no mais vasto conceito dessas palavras. Não podemos abaixar nossas cabeças para essas iniquidades que nos circundam. Se não podemos, ao menos, combater o mal, podemos e devemos procurar o bem. Chamar a ambulância para curar as feridas, sejam elas do corpo ou da alma. Devemos também ser a ambulância, ser os paramédicos..se não pelo belo sentimento autruísta de, simplesmente, fazer o bem; então porque todos nós podemos ser a vítima, a qualquer momento.
As pessoas tornaram-se indiferentes, revestidas dentro de suas carapaças cada vez mais plásticas e insensíveis. Tudo bem que algumas pessoas queiram tanto perder a naturalidade e as expressões que se plastificam cada vez mais, até terem rostos medonhos. Mas, a alma também????
Não é correto que o sofrimento do outro torne-se nossa diversão, ou que o medo congele nossa vontade de fazer o bem. Não podemos querer um mundo melhor para os nossos filhos se não movermos a pedra do caminho NÓS MESMOS. Chega de deixar o trabalho pro outro. Chega de se preocupar apenas conosco!
Vivemos numa época de moral e valores flexíveis, de total banalização da vida. A que ponto nós chegamos?
Não podemos deixar que a indiferença reine nas nossas vidas, e que pouco nos importe a vida e o sofrimento do nosso vizinho. Com isso, entendam, não quero pedir que vocês se tornem fofoqueiros e intrometidos de plantão, quero apenas fomentar qualquer vestígio de solideriedade, bondade e afetividade que ainda exista dentro de vocês...
Chamem a ambulância!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A força da desistência

"Muitas das grandes realizações do mundo foram feitas por homens cansados e desanimados que continuaram trabalhando"

É, às vezes nos deparamos com coisas interessantes nos lugares mais improváveis... como por exemplo, o orkut. Mas, afinal, eu sou a última pessoa que pode falar de orkut..hahaha.
Como diz meu namorido, às vezes esses não-lugares virtuais tornam-se lugares, e lugares hospitaleiros!
Interessante como é verdade esta citação... ninguém muda nada quando está acomodado com a situação. Todas as mudanças que ocorreram foram feitas por homens que estavam cansados de lidar com aquela situação, para eles, errada...e resolveram ajeitar as coisas...
Mas esses homens não se deixaram abater pelo cansaço..que muitas vezes parece ser tão maior que nós. Continuaram lutando, apesar das adversidades e dificuldades...pois tinham um objetivo maior em mente.
Agora mesmo, estou tendo que me acostumar a ter noites livres, pois adversidades me afastaram daquilo que ocupava grande parte do meu dia, e minha noite toda... com esse tempo livre acabei tendo um tempo para refletir e introjetar muitas coisas..fazer uma viagem ao interior do meu interior..e acabei me deparando com as sujeiras que eu vinha jogando embaixo do tapete.
Vi como o meu mundo anda solitário, e eu não sentia a dor do corte apenas porque o sangue estava quente ainda...
Vi as dificuldades que tenho agora, e as que terei que, inevitavelmente, enfrentar sozinha daqui pra frente. E, principalmente, as novas dificuldades que surgirão devido a tudo que tem acontecido em minha vida.
Então, tenho duas opções: desistir de tudo, ou lutar para que as coisas mudem.
O que você acha que eu vou escolher?!
Lógico que o covarde vive mais, é muito mais fácil. Mas eu sou à moda antiga...
Prefiro morrer jovem na batalha.